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Palestra proferida durante o I FoRC Symposium traz novidades na investigação acerca de mecanismos de atenuação de perda muscular

Por Eduardo - Difusão

Última atualização em 17/09/2015

Grupo francês liderado por Didier Attaix demonstra a existência de um conceito integrado de entrega de proteínas.

O professor Didier Attaix, do Institut Nationale de la Recherche Agronomique (Unité de Nutrition Humaine), na França, foi o palestrante que inaugurou o dia no I FoRC Symposium, nesta quarta (2/9), na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. O interesse de Attaix e seu grupo de pesquisa é sobre mecanismos de perda muscular característicos de diversas doenças como o câncer, a diabetes, as doenças cardiovasculares, a falência renal, entre outras. A perda muscular, segundo ele, tem alto custo para o sistema de saúde, porque pressupõe a hospitalização por períodos prolongados, em um cenário em que a eficiência do tratamento é decrescente e a resposta imunológica não corresponde aos inputs.

De acordo com Attaix, o intestino delgado é responsável por uma taxa muito alta de metabolismo de proteínas (de 40 a 100% por dia). “É um órgão muito sensível ao estresse, mas contribui com uma porcentagem constante da síntese proteica. Então nos perguntamos: deveríamos elevar ao máximo a capacidade metabólica de proteínas do intestino delgado?”

Ele explica que o grupo observou que a massa de proteína do músculo esquelético só se recupera quando a massa de proteína do intestino delgado é normalizada. “Por exemplo, o intestino delgado se recupera antes do músculo tanto em ratos em jejum quanto em ratos realimentados, como também em camundongos tratados com quimioterapia contra o câncer”, diz Attaix. “Por isso, trabalhamos com a hipótese de que deveríamos priorizar o intestino delgado para melhorar a recuperação o e balanço da proteína do músculo esquelético.”

O grupo manipulou a massa de proteína do intestino delgado in vivo por meio do GLP-2, um fator trófico intestinal muito potente. “A administração do GLP-2 atenuou parcialmente as perdas do intestino delgado em ratos famintos e melhorou a recuperação do intestino em ratos que ainda não haviam sido realimentados. Ele inibe a perda de massa intestinal em condições de inanição”, diz Attaix. O estudo foi feito com um grupo de controle ao qual não foi ministrado o GLP-2.

Os pesquisadores então começaram a investigar o que provocava a recuperação muscular no tratamento com o GLP-2. Caracterizaram os mecanismos de perda do intestino delgado em condições de inanição e os mecanismos de recuperação muscular na ausência de tratamento com GLP-2. “Outros dados não publicados de nosso laboratório mostraram que o metabolismo proteico no fígado também influencia o metabolismo no músculo esquelético. Isso leva a uma visão totalmente nova de entrega de proteínas no corpo, com uma rede de interconexões entre tecidos e órgãos. Enfim: demonstramos a existência de um conceito integrado de metabolismo de proteínas”, concluiu Attaix.

Ele diz que o grupo agora está se debruçando sobre os cruzamentos entre tecidos viscerais e metabolismo proteico no músculo esquelético, e o controle cerebral dessas funções.

 

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